10 de abr. de 2009

A fila anda... isso é bom ou ruim???

Outro dia, enquanto conversava com um colega de faculdade, escutei algo que me fez parar pra pensar...

Enquanto trocávamos algumas palavras na porta de uma lanchonete (onde nos encontramos por acaso), ele me disse que sua chefe havia demitido alguns funcionários da empresa, e alguns tinham um considerável “tempo de casa”.

Ela demitir os funcionários, ou melhor, colaboradores, não me causou espanto. O que me fez assumir uma postura reflexiva foi o que ela, segundo meu colega, disse:

“Se eles não quiserem ou não estiverem satisfeitos com a empresa, que saiam... Temos uma fila de pessoas que querem trabalhar pela metade do salário deles!!! Para mim, tanto faz se ficarem, desde que produzam...”

Fiquei meio perplexo ao ver que, mesmo com toda a evolução do campo administrativo, certos administradores pensem que pessoas são facilmente substituíveis em uma organização empresarial.

EU, RESPEITOSAMENTE, DISCORDO DESSE PONTO DE VISTA!

Posso começar argumentando que, demitindo alguém, seu substituto deve ser treinado para a função, o que levaria algum tempo e o nível de produção não seria o mesmo do indivíduo demitido.

Além disso, ao demitir alguém simplesmente por pensar desta forma primitiva, deve-se lembrar que a família do indivíduo também será demitida. Ela provavelmente conta com um chefe de família que acabou de ser desligado do quadro de funcionários, ou, talvez, seja a situação de um filho que ajude seus pais... Enfim, cada um tem sua própria história e não é possível que façamos esta separação pessoa-história.

Também há a questão dos custos legais e alteração do clima organizacional que uma demissão acarreta para a empresa, o que torna um treinamento, ou reciclagem, mais atrativo do ponto de vista financeiro e sistêmico. Ao mudarmos uma equipe no meio de um processo produtivo, alteramos o clima do time por causa de alguém diferente, que vem com outra cultura e uma bagagem social única e, ainda por cima, acaba de chegar sem conhecer ninguém e terá de percorrer um caminho até estar enquadrada no contexto empresarial (e o mesmo ocorre com os que já estão na empresa).

Não acho que seja correto pensar dessa forma.

Posso, ainda, dizer que, se certo número de pessoas não está satisfeito, o problema pode estar na administração e não nos indivíduos. Nenhuma história tem apenas um lado e o bom administrador sabe ouvir todas as versões antes de apresentar a sua.

Nós, que ocupamos cargos de liderança, devemos ser líderes e não chefes. Vamos evoluir nossa maneira de pensar e entender que uma pessoa faz parte de todo um contexto do qual não pode estar separada...

Nem sempre, quando a fila anda, estamos agindo da maneira correta. Em muitas ocasiões, devemos manter a fila parada e resolver o problema de dentro para fora, e quando não restarem mais opções, vamos resolver de fora para dentro e, aí, “a fila anda” de maneira correta e ética...

Abraços a todos!!!

Deus os abençoe!!!

5 comentários:

  1. Gostei muito. Realmente serve para reflexão. O que são nossos valores no mundo de hoje? As pessoas não estão sendo valorizadas, pela sua essência, caráter e profissionalismo e sim pelo trabalho escravo que possa proporcionar. Isso nos remete ao fato de tanto desânino, quando o assunto é especialização. Basta o pouco que sabe, porque o trabalho é quase "braçal", o que me faz como pessoa é simplesmente "dar conta do recado". Isso é inaceitável!
    Bjo, estarei sempre aqui!

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  2. Algumas considerações ora muito pouco práticas, mas não domino o assunto como profissional, apenas analisando de um ponto de vista não-confessional, apenas trabalhista e econômico, mas de forma alguma, desconsiderando a ética que envolve todas as relações contratuais de trabalho.

    Vejo momentos que poucos países alcançaram como o Brasil, no sentido de defesa dos direitos trabalhistas. Veja que o nosso sistema trabalhista e previdenciário estão a frente de grandes países economicamente desenvolvidos. Nossos trabalhadores e empresários são regidos por leis não estanques, que permitem sua flexibilidade para adequação a sua inter-relação, incomparáveis com os contratos estanques da Europa, o qual o sindicato o protege e somente, assim como uma estabilidade, em minha opinião, desfavorável dos contratos franceses, os quais os profissionais são demasiadamente protegidos após 10 anos de permanência no emprego, causando ondas de demissões antes que estes completem esse período.

    Pertinentemente, alcançamos um patamar invejável desde a era Vargas, cunhado era trabalhista, mas ora regredimos a momentos arcaicos do século XVII, como tal citação, que amplamente defendo, a fila anda, SIM, muito bem, se esta ordenada e amaparada legalmente, E SOMENTE!

    Demissões por falta de produção digo, algo errado é notável na administração da empresa. Quedas de produção podem ser provocadas por diversos motivos: problemas pessoais (deveriam ser respeitados e amparados por psicólogos, se a empresa puder arcar com os custos deste), problemas de saúde provocados por más instalações, instrumentais indevidos e locais inadaptados a execução da tarefa, assim como as pressões de produção. Gastos com a profilaxia deste gerariam maiores níveis produtivos da empresa ou seja, maior lucratividade e menor insatisfação do empregado em relação a sua tarefa, promovendo-lhe qualidade de vida indireta, inclusive.

    Em outro ponto de vista diria, a fila anda sempre, para no momento que a ordem é desrespeitada!

    Enfim, a máxima do idealizador é sublimamente sábia, a chefia tem de ser essencialmente em liderança... essa visando a lucratividade, a produção e os motivos os quais esta não produz, e sabiamente corrigida na raiz e não da troca da mão de obra, que cada dia se faz mais especializada e com custos relevantes a respeito de seu treinamento e o que se deixa de ser produzido, sem levar em conta os impactos sociais que geram a demissão.

    Aqui fico, novamente, ótimas reflexões!

    Como na Constituição, respeito a livre expressão, mas vedado o anonimato.
    Chamo-me Elecides Teixeira Junior, cunhado nome de um antigo blog - gritando para surdos. Blog que não atualizo há muito tempo.

    Forte abraço ao idealizador.
    Espero que meus comentários sejam pertinentes, apesar da grande volta!

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  3. retifica-se menção ao seculo...
    leia-se em seculo XVII, seculo XVII.
    Obrigado

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  4. Excelente coluna... Ótima refelxão...

    Parabéns!!!

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  5. Olá, Wanderson!
    Vi seu comentário em meu blog, e vim aqui conhecer o seu. Achei ótimo!
    Os temas que você escreve são bem relevantes, e em particular gostei muito deste seu ultimo post!
    Realmente é uma pena que muitos adm. pensam que colaboradores são tão descartáveis assim, pensando desta forma, na tentativa de reduzir custos, na verdade está gerando mais!
    Parabéns pelo Blog!!
    E caso não se importe vou deixar um link do seu blog no meu!

    Abraços!

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